Caiu na minha cabeça como um raio. Sempre achei q era defeito ser assim...
Mil vezes
Benditos sejam os fortes de espírito, os decididos ainda que equivocados,
os cheios de atitude ainda que não das melhores. Benditos sejam os de mão na
massa, pé na tábua, café no bule e os que não viram coadjuvantes da própria
vida. Benditos os que estão de um lado ou outro do muro, os que pulam o muro
para mudar de lado, mas se sentem incômodos em cima dele. Benditos os que falam,
os que dizem, os que contam, os que confessam, os que revelam, ainda que mais
tarde tenham de lidar com um certo receio de ter se excedido. Benditos os
excedidos, os excessivos, os exagerados, os demasiados, os desmesurados que não
se contentam com a míngua da infinita ponderação, que não se tornam reféns das
infindáveis variáveis. Benditos os livres para errar e acertar de vez em quando,
que não se encarceram no futuro, no quem sabe, no talvez e no quase. Benditos os
que erram e refazem, os que fazem de novo e erram novamente e que voltam a fazer
para acertar uma hora dessas. Benditos os que têm pressa, de vida, de amor, de
felicidade, de inspiração, de paixão, de sexo, de alegria, que sabem que o
segundo é um já que está quase deixando de ser e não volta jamais, que aquela
felicidade que não levamos conosco, que não desabrochou ali, que não pegamos à
unha e olhamos nos olhos, perdeu-se e esgotou-se num avesso que não existe mais.
Benditos os famintos de mundo, de olhos, de bocas, de céu, de outros lugares e
outras gentes, de ser tudo de si o quanto antes.
Um comentário:
Carlinha, eu também fiquei com vontade de imprimir e colar na cabeceira da cama, pra ler todos os dias antes de dormir. Essa mulher é demais, né?
(Qui nem ocê, fia!)
bjs
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